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quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

O NEGRO E O GATO




O NEGRO E O GATO



Olá gato rajado

Dessas noites sombrias

Ardilosamente pelos telhados

Diga-me:

Quão são donos de esquinas,

Que encaminha as nossas sinas?

Os malandros das vielas

que faz remelexo das idéias

alteram juntos e misturados

como fósforos da caixinha?



Tem os encantos de concubina

Essa você deita na cama

Depois da árdua noite lebará

de fetiches e feitiços.



Sei por que é tão confiante

Enfrenta cachorro que ladra

Tem toda guarda

Do quartel de Ogum



Há gato danado,

que vem do milharal

Por aí já se tem uma ideia

Do que tenho a perguntar

Já viu Ode em momento sagrado

preparando axé de prosperidade?



Desculpa a intransigência

Sei que é segredo de se guardar

Quero saber uma coisa

Que preciso me tornar

Um grande caçador...



Gato tem muita coisa a contar

Tem antenas nos bigodes

Para entender os ventos de Oyá

Fora o que deve aprender

Na cozinha sagrada de Nana

Uma anciã não deixaria

Sabedoria ao gato faltar



Por isso que some por uns tempos

Vê o crepúsculo da varanda do velho

Se for lua cheia

Deixa-se esquecer nas prateleiras

Das bruxas e suas ervas



Gato me prometa.

Quando saúde nos meus faltar

Peça misericórdia a Omulú

À suas  palhas e flor sagrada

Trazer cura e nos abençoar



Não sei por que atura

A insolência da Xica

Vive nas pedreiras de Xangô

Peça a ele a Justiça



Já sei desse dengo todo

Deve vir das Yabás

Oxum o deixou vaidoso

E depois ir ao colo de Iemanjá

Quando a maturidade chegar



Onde parou a orelha de Oba

Derramada com o Amalá?

Desculpa, não perguntarei mais.

Respeito os segredos da Oralidade



Gatos  têm aqui grande amigo.

Posso dizer que sou seu fã

Você consegue me acalmar

Essa suavidade ao alongar

Jeito paciente de ronronar

Como a paz de Oxalufan



SÉRGIO CUMINO – O POETA DE AYRÁ

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