O NEGRO E O GATO
Olá gato rajado
Dessas noites sombrias
Ardilosamente pelos
telhados
Diga-me:
Quão são donos de
esquinas,
Que encaminha as
nossas sinas?
Os malandros das
vielas
que faz remelexo das
idéias
alteram juntos e
misturados
como fósforos da
caixinha?
Tem os encantos de
concubina
Essa você deita na
cama
Depois da árdua noite
lebará
de fetiches e
feitiços.
Sei por que é tão
confiante
Enfrenta cachorro que
ladra
Tem toda guarda
Do quartel de Ogum
Há gato danado,
que vem do milharal
Por aí já se tem uma ideia
Do que tenho a
perguntar
Já viu Ode em momento
sagrado
preparando axé de
prosperidade?
Desculpa a
intransigência
Sei que é segredo de
se guardar
Quero saber uma coisa
Que preciso me tornar
Um grande caçador...
Gato tem muita coisa
a contar
Tem antenas nos
bigodes
Para entender os ventos
de Oyá
Fora o que deve
aprender
Na cozinha sagrada de
Nana
Uma anciã não
deixaria
Sabedoria ao gato
faltar
Por isso que some por
uns tempos
Vê o crepúsculo da
varanda do velho
Se for lua cheia
Deixa-se esquecer nas
prateleiras
Das bruxas e suas ervas
Gato me prometa.
Quando saúde nos meus
faltar
Peça misericórdia a
Omulú
À suas palhas e flor sagrada
Trazer cura e nos
abençoar
Não sei por que atura
A insolência da Xica
Vive nas pedreiras de
Xangô
Peça a ele a Justiça
Já sei desse dengo todo
Deve vir das Yabás
Oxum o deixou vaidoso
E depois ir ao colo
de Iemanjá
Quando a maturidade
chegar
Onde parou a orelha
de Oba
Derramada com o Amalá?
Desculpa, não perguntarei
mais.
Respeito os segredos
da Oralidade
Gatos têm aqui grande amigo.
Posso dizer que sou
seu fã
Você consegue me
acalmar
Essa suavidade ao
alongar
Jeito paciente de
ronronar
Como a paz de Oxalufan
SÉRGIO CUMINO – O
POETA DE AYRÁ
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