ESSE BLOG NÃO PERTENCE SÓ AO POETA, ELE É DE TODOS NÓS

terça-feira, 5 de abril de 2016

POESIA DE ILÊ




POESIA DE ILÊ



Ao chegar a casa de Agodô 

Encontro, alento e preparo

Herança povo nagô

Como passeio de  chalana

E a esperança embarcada

Torna relativo o tempo

Nas ondas das células

entregue a correnteza

É o espírito que me possa

que adentra a roça

O aqui e o acolá, separa

Despachando a rua

Saudando o aye

Puxado pelo cheiro

Da flor branca

Pipocando no ferro

na arena da panela

como dança sagrada

O corpo se entrega

a folha afogada na cuia

Que desce molhada

Limpando o mau agrado

Motumba de cá

Motumba-axé de lá

Declino-me as mães

Seus orixás e suas benções

Axé da Yabás e da filha

De Acaçá e da Padilha

Faz-me lembrar do padê

Adentrar é o inicio rito

Liga olhar ao que não se vê.

Vapor e o apito

Sombra e seu duplo

E sonhos irrestritos

Desse mundo sem fim

De forja e prosa

lenha que queima, defuma

e incensa o culto

da sagra cada caminhada

desses irmãos de lida

Desbravando trilhas

Em até o que não quer.

Segue a manha para riba

Corte a lua e seus dotes

Sob sua magia que brilha

mulheres á baiana

proseando sobre as esteiras

propósitos de cada etéreo

de amores e sortilégio

e quando é pro cafuá

que encaminha os enigmas

 guardados como patuá

quando a busca vem a mente

o vento chega diferente

pela bandas de lá

entra falante e imponente

com toda graça de Oyá

toca o sino dos ventos

como Ogã seu agogô

vibra ondas divinas

Com  lucidez intrigante

 Iemanjá traz nas maresias

inspira o poeta a poesia

falar de amor a Osun

das labaredas de Xangô

sentimentos misturados

se alinham como seda

apego consagrado

num ritual fun fun.
 SÉRGIO CUMINO - POETA DE AYRÁ

Nenhum comentário:

Postar um comentário