POESIA DE ILÊ
Ao chegar a casa de Agodô
Encontro, alento e preparo
Herança povo nagô
Como passeio de
chalana
E a esperança embarcada
Torna relativo o tempo
Nas ondas das células
entregue a correnteza
É o espírito que me possa
que adentra a roça
O aqui e o acolá, separa
Despachando a rua
Saudando o aye
Puxado pelo cheiro
Da flor branca
Pipocando no ferro
na arena da panela
como dança sagrada
O corpo se entrega
a folha afogada na cuia
Que desce molhada
Limpando o mau agrado
Motumba de cá
Motumba-axé de lá
Declino-me as mães
Seus orixás e suas benções
Axé da Yabás e da filha
De Acaçá e da Padilha
Faz-me lembrar do padê
Adentrar é o inicio rito
Liga olhar ao que não se vê.
Vapor e o apito
Sombra e seu duplo
E sonhos irrestritos
Desse mundo sem fim
De forja e prosa
lenha que queima, defuma
e incensa o culto
da sagra cada caminhada
desses irmãos de lida
Desbravando trilhas
Em até o que não quer.
Segue a manha para riba
Corte a lua e seus dotes
Sob sua magia que brilha
mulheres á baiana
proseando sobre as esteiras
propósitos de cada etéreo
de amores e sortilégio
e quando é pro cafuá
que encaminha os enigmas
guardados como patuá
quando a busca vem a mente
o vento chega diferente
pela bandas de lá
entra falante e imponente
com toda graça de Oyá
toca o sino dos ventos
como Ogã seu agogô
vibra ondas divinas
Com lucidez
intrigante
Iemanjá traz nas
maresias
inspira o poeta a poesia
falar de amor a Osun
das labaredas de Xangô
sentimentos misturados
se alinham como seda
apego consagrado
num ritual fun fun.
SÉRGIO CUMINO - POETA DE AYRÁ
Nenhum comentário:
Postar um comentário