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quinta-feira, 22 de outubro de 2015

INGLÓRIOS no EMPÓRIO



 INGLÓRIOS no EMPÓRIO
 A porta da mercearia
Aberta a quem carece
Há um homem necessitado
E com Inquietas pernas
Revelava o desconforto
Seu odor em confronto
Com cereais dos caixotes
Enquanto os tipos em bateria
Compulsivamente replicava
Havia constrangidos a abrir bolsa
E ele entregue a toda sorte
Olhares dissimulam
No compasso inquieto a porta
Pendulo de um  coiote
Aquecendo para o bote
Quem será que atacará?
Pensamentos fazem apostas
Uma carteira se abre,
Será que é essa?
Como rolinha indefesa
Na balança pesava calabresa
Ao invés de pratas será o pacote?
Ele deve estar com fome
Um da fila há de ser seu consolo
Alguns estômagos formam bolo
Velha de blusa rosa boa presa
Apostas! O  troco  terá seu destino
Absurdo! Ninguém tomará providencias?
Exala medo pequeno burguês
Ali há de ter o premiado
Por aquele ser embriagado
De destilado sem história
Sem escoria, cuja escola.
É a miséria paulistana
E seu fruto
Da barbárie insana
Estuda seu furto
Pode ser a terceira da fila
Ou a mulher do chinês
Eu ou meu vizinho
Qual de nós o saque é a sina
O Inesperado, um abençoado.
Tomou a frente
Pede ao atendente
Que libere o mancebo
Dos olhares malvados
Que o servisse a aguardente
Que minutos atrás
Prometera ao indigente;
Ameniza o ser do frio
E a Lei da causa e efeito
Do enfileirado preconceito
Ala de almas funestas
Perderam senso de respeito
E o livra dos ares sombrios
Da pavorosa moral honesta

SÉRGIO CUMINO – OBSERVATÓRIO 803

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