Mulher Mito da vida
Desculpe-me as mulheres, meu texto é
dedicado aos Homens. Não é nenhum manifesto chauvinista não se preocupem. Mas
vejo aqui uma oportunidade de nos reencontrarmos com a natureza, com a anima, com
a espiritualidade. Em suma o encontro com a Deusa, que na maioria das
mitologias representa a natureza. Convoco todos os homens para que façam uma
vigília a fim de apurar seus olhares em busca de um homem melhor. Faz-se
urgente o equilíbrio do espírito, vivemos numa sociedade que nos distancia cada
vez mais da nossa natureza, dos elementares que movem nossa alma, o que gera
conflitos existenciais, e desavenças em nossos relacionamentos, nos fazendo
perder a magia do amor, tanto para conosco quanto para o próximo. Vivemos num
momento em que temos que conciliarmos nosso espírito com a natureza, (A Deusa).
Existirão os que questionaram de “o
qual a contribuição para avanços sociais”. Afirmo que não h
averá avanço social se não nos reencontrarmos com nossa individuação.
A cultura judaico-cristã que prevalece na nossa sociedade brasileira tem como
símbolo mitológico o Deus que representa a sociedade. Segundo Joseph Campbell “E
quando se tiver uma mitologia que acentua um deus, e não uma deusa tem ai uma
religião que acentua a sociedade sobre a natureza, Então com a queda a própria
natureza é amaldiçoada”.Temos na história da humanidade formas de
exterminar a natureza. Uma delas foi o genocídio de mulheres acusadas de
feiticeiras, que foram levadas a fogueira em nome Deus, sobre o pretexto de
manterem-se as ordens sociais. O que eram essas mulheres, se sacerdotisas de
seitas celtas, que cultuavam sua espiritualidade junto com elementares da
natureza e mais uma variedades de povos ditos pagãos, que viam na natureza
formas de encontro com espírito.
Quando vemos a devastação que se faz da
natureza, e os efeitos que causam no meio ambiente, notam-se os mesmos males
nas relações sociais. Esta inserida na tradição não confiar na natureza, porque
ela decaiu, pecou. Nossa vida tornou-se uma mistura de Deus e
o Mau. A origem de uma intolerância religiosa com os mais variados povos, que
cultuam seus elementares. Aqui não foram diferente quantas histórias vemos nos
ilês espalhados pelo Brasil, onde nossas sacerdotisas Yalorixas mulheres
exemplos de lutas e resistências verdadeiras guardiãs da magia da natureza,
harmonia da vida com o espírito, a Deusa, em nosso panteão africano, representada
por varias deusas, nossas Yabas, nossas mães. Nossas sacerdotisas são
verdadeiros ícones, e apresentam o melhor do anima elemento
feminino, bem definido por Jung. O que fascina na mitologia é a universalidade.
Seja ela de Afrodite, deusa dos oceanos que incumbe a Psique, ficar presa na
rocha a espera de seu casamento com a morte, ou a mais variada mitologias que
revelem a mulher como e suas ligações com elementares da natureza.
As mulheres por conta desse domínio
patriarcal sempre foram subjugadas, o que na maioria das
vezes se organizavam escondidas, uma forma de
protegerem seu poder para que não fosse dirigido pelo homem. Tudo o que há na
natureza temos em nossos corpos. E a mulher através da anima tem
esse poder nos seus corpos é portador de todos esses encantos, enquanto os
homens têm de adquirir esse poder. As relações sociais oriundas do esquema
escravagista fizeram com que criassem uma estrutura social e religiosa, onde as
detentoras desse conhecimento ficaram nas mãos de quem são de direito as
mulheres.
A caça as bruxas ocorrida na idade
média, chegou aqui, assim como a escravidão a inquisição em tese foi abolida.
Todos sabem ainda existem preconceito e intolerância, ambos as ações vindas de
uma mesma matriz, européia, patriarcal branca e dualista, cuja cultura mítica é
o Deus, que vive lá no céu e nós aqui na terra, e a natureza fica no meio desse
jogo entre o sagrado e o profano, o bem e o mau, o puro e o pecado. Aceitar
essa vigília se disponibilizar a olhar e sentir a anima começa
a ser uma missão nada tênue sentiremos o solo firme da racionalidade, lógica e
da razão abalar-se sobre nossos pés. A mulher reconhece mais o animus, elemento
masculino, como muito mais facilidade que o homem, o anima isso
tudo por terem a consciência da energia em seus corpos.
Mas o ato de observar se torna muito
mais complexo quando nos voltamos para dentro, onde também necessitamos de
claridade. Luz é intrinsecamente ligada à mulher. A observação e a luz se
completam ao contrario não seria possível ver. Mas para observar-lhe o detalhe,
temos que olhá-lo atentamente, com carinho, afeição e ternura. Como vemos perda
das qualidades e da energia feminina na sociedade de hoje constitui um problema
psicológico premente. Atinge dolorosamente a vida emocional de homens e
mulheres. Se
continuarmos a viver sob o cunho de uma cultura patriarcal, estaremos
condenando a humanidade a seu mais profundo limbo. Existem vertentes religiosas
e morais que tem como filosofia banir o pecado e o mau dentro de uma tradição
moldada por e para os homens que garantem a sua soberania e poder. Esse
embrutecimento da humanidade, com base nessa visão dualista e discriminatória
causadora de guerras e genocídios em toda nossa história. E grande responsável
do seu descontentamento, solidão, sensação de falta de sentido, mau humor e
violência. Contra a Natureza, contra si, sobretudo contra a Mulher. Através da valorização da força bruta e
da conquista de territórios, geram um grande desequilíbrio dentro e fora de
nós.
A terra como uma entidade viva. E não
há nada na terra que não exista dentro de nós, as energias
que circulam no olorum, coabitam em nosso corpo. Essa é a
idéia da mitologia básica que foi completamente eliminada da Bíblia desde o
livro de Genesis, onde vemos isto: ”Tu que é feito do pó e ao pó retornaras”. A
terra não é pó. A terra é mãe. Sendo assim olhe, para as mulheres que conhece,
mas antes busquem na lembrança, todas as menções de sabedoria e vinham de nossas
avós, sim essas velhinhas, quase na maioria analfabetas, mas detentoras de
sabedorias, que nos indicam caminhos até hoje, isso é sinal que a sabedoria da
natureza atua nessas amadas mulheres.
Mas para observar uma mulher temos que
nos livrar dessas amarras seculares, para isso indico uma imagem citada por
Goethe: “No cimo das colinas reina a calma, no cimo das arvores, mal se tente
um sopro. Os passarinhos silenciam nos bosques. Apenas espere e você
silenciará”. Como dizem os Taoistas, no qual nos redemos a natureza e nos
entregamos a ela. Ou nas culturas primitivas, nas quais as pessoas se apóiam na
natureza. Perceber que a natureza é boa provoca uma transformação total da
consciência. Nunca esqueçam o universo esta mais próximo do que se imagina, ele
esta nas mulheres com as quais convivemos, nelas pulsam essa divindade.
Fundamento do mistério supremo, fonte transcendente e energia do universo, que
é também força misteriosa da vida, própria de cada um – e de todos.
Ao olhar para essas mulheres com seus
olhos cheios de afeição, de amor, estabelecerá uma
relação imediata. Quando for capaz de olhar uma nuvem
com olhos que estão vendo pela primeira vez há então uma relação profunda, o
fator mitológico primordial é o que Jung chama deconiunctio oppositorum, a
conjunção dos opostos. Fundindo-se num belo equilíbrio entre si, uma dança. O
prazer de um casal dançando é o do par de opostos numa relação harmoniosa.
Façamos nossa vigília sempre e diariamente, para resgatarmos em nossos corpos à
volta a natureza, a natureza feminina que ocorre naturalmente dentro da mulher.
Assim nossas mulheres não precisarão fazer vigílias contra a violência sofrida
por nós homem, e sim se encontrarem para celebrar a existência da Deusa.
SÉRGIO CUMINO - POETA DE AYRÁ
legal e informativo ... com relação a magia elementar que habita nossos seres
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