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domingo, 23 de novembro de 2014

DECODIFICAR E SER


DECODIFICAR E SER

Emociona a epístola,
Escrita no olhar
Marcada no plexo
Batizada no sonho
Que umedece as mãos
De quando se vê

Emociona vir
De espirito leve
Numa ação de conferir,
Que a escolha das letras
Busca vistas
Que veja em si

Emociona o atento
No alento das palavras,
Cintilar das lagrimas
Gratidão como luzes
E a pausa se instituiu.
Uma visão crescente,

Emociona buscar
Pelas sombrias atravancas
Com brilho reluzente
Contextos de mim
Letras que rimam
Poesia com magia

Emociona chegada
Argúcia de uma fada
Do jeito que me toca
Torna-me movimento
Leio acalento
Surge para me inspirar

Emociona essa arte
Faz-me renascer
Distintos homens,
Que não dava conta
Que palavras aponta
Vislumbres À lá carte

Emociona o estilo
Há cada reler
Dá pleno sentido
À música dos batimentos
Frases que descreve fases
Do sinuoso sentimento

Emociona o epilogo
Tudo vira referencia
Dar a incumbência
A sensibilidade
Assume essência
De ser você em mim.


SERGIO CUMINO - POETA DE AYRÁ

domingo, 16 de novembro de 2014

TERNOS & ETERNOS


TERNOS & ETERNOS

Granjeie meu braço
A essência me encaixo
Que perca de vista
Enquanto desato o sinto
Logro-me ao aconchego
Imperativo do meu terno
O pensamento que entrega

Um querer de laços
Por cima por baixo
Essa bandeira prevista
Despe-se dos brincos
De forma meiga
Com olhar sincero
Que desenha e achega

Anseio é o traço
Não existe eu acho
Rascunha à risca
Que delineia o vinco
Dispensa a régua
Tempo liberto
Corpo mole a deixa

Passo a passo
É espiral como cacho
Escala em revista
Aguça todo instinto
Sorver sua Selva
Com desejo ereto
Seu sorriso me beija

Um querer de fino trato
Que me espera de quatro
Assa nhôs que arrisca
Demuda num poema lindo
Sobre umidade da relva
Não há errado ou certo
É fada minha gueixa

Sussurro quando falo
Assim a embalo
Menestrel paulista
Joelhos se abrindo
Para vai e vem repetido
O que a nós reserva
Terno aos eternos
Assim a sirvo alteza

SERGIO CUMINO- POETA DE AYRÁ


sexta-feira, 14 de novembro de 2014

MALABARES URBANOS

MALABARES URBANOS

Variantes que vadiam
Ao descaso dos passos
Vagos de noites frias
Os ditames da cabeça
Nos tumultos internos
Como selfs do sorriso podre
Avessos ao estreio
Em tons de invisível
Onde se perde o respeito
Quem creria ser impossível
Sons misturados
Mesclado com maus cheiros
Parece fragrância do inferno
Fazem com que esqueça
Entre morais que ladeiam
Cerceando cada lado
Maquiado pela fuligem
Reflete o pó no espelho
Preso pelo rabo
Como dizem
A impossibilidade sistêmica
Paralisa-nos como medusa
É meu amigo
Se ficar o absorve
E não se iluda
Está numa sinuosa
Garrafa como experiência
Refém da subserviência
Esquecido no arquivo
Mais um filho da queda
Endividado a mais valia
Grupo virou galeria
Pelo outro sofria
Veredas que se atrela
No aguardo do sinaleiro
Aquelas bolas subiam
Como malabares esquivos
Salteiam como susto
Confinados no viveiro
De cada esquina
de gosto bruto

SERGIO CUMINO – POETA DE AYRÁ

sábado, 1 de novembro de 2014

SER E VIR A’MAR

SER E VIR A’MAR
As ondas calmas
Como cama de algodão
Para abraçar aquele rebento
Nascia para ser do mar
Assim crescia
Castelo de areia
Na fabula do tempo
Adolescia menina e os sonhos
Medidos pelo pé na praia
Vezes abraçou os joelhos
Respirando como marola
Sem dizer as rebeldias
Dignas de filha de Yabá
É de rainha essa algibeira
Seja aqui e seja acola


Navegou por borrascas
A Deusa e o timão
Como caravela e o vento
Aprendeu a amar
Justo e a mais valia
Às paixões é sereia
O coração silencio
Que ampara seus tombos
A cada sol raiar
Para o suor dos cortejos
Faz de si escola
Mesmo à revelia
Surfista de Yemanja
Nessa lida traiçoeira
Desenha em seu surfar

Sobre as águas 
Apura emoção
Ser mãe é talento
Nunca vai apagar
Seja sol do meio dia
Ou magia de lua cheia
Não deixa filho ao relento
Carrega em seus ombros
Aonde a mare levar
Um conto dois pesos
Por amor chora
O que a vida lhe devia
Urbaniza a barca
Encantos da balseira
Faz seus cabelos velejar

SÉRGIO CUMINO – POETA DE AYRÁ


terça-feira, 28 de outubro de 2014

Mulher Mito da vida




Mulher Mito da vida 

Desculpe-me as mulheres, meu texto é dedicado aos Homens. Não é nenhum manifesto chauvinista não se preocupem. Mas vejo aqui uma oportunidade de nos reencontrarmos com a natureza, com a anima, com a espiritualidade. Em suma o encontro com a Deusa, que na maioria das mitologias representa a natureza. Convoco todos os homens para que façam uma vigília a fim de apurar seus olhares em busca de um homem melhor. Faz-se urgente o equilíbrio do espírito, vivemos numa sociedade que nos distancia cada vez mais da nossa natureza, dos elementares que movem nossa alma, o que gera conflitos existenciais, e desavenças em nossos relacionamentos, nos fazendo perder a magia do amor, tanto para conosco quanto para o próximo. Vivemos num momento em que temos que conciliarmos nosso espírito com a natureza, (A Deusa).
Existirão os que questionaram de “o qual a contribuição para avanços sociais”. Afirmo que não h averá avanço social se não nos reencontrarmos com nossa individuação. A cultura judaico-cristã que prevalece na nossa sociedade brasileira tem como símbolo mitológico o Deus que representa a sociedade. Segundo Joseph Campbell “E quando se tiver uma mitologia que acentua um deus, e não uma deusa tem ai uma religião que acentua a sociedade sobre a natureza, Então com a queda a própria natureza é amaldiçoada”.Temos na história da humanidade formas de exterminar a natureza. Uma delas foi o genocídio de mulheres acusadas de feiticeiras, que foram levadas a fogueira em nome Deus, sobre o pretexto de manterem-se as ordens sociais. O que eram essas mulheres, se sacerdotisas de seitas celtas, que cultuavam sua espiritualidade junto com elementares da natureza e mais uma variedades de povos ditos pagãos, que viam na natureza formas de encontro com espírito.
Quando vemos a devastação que se faz da natureza, e os efeitos que causam no meio ambiente, notam-se os mesmos males nas relações sociais. Esta inserida na tradição não confiar na natureza, porque ela decaiu, pecou. Nossa vida tornou-se uma mistura de Deus e o Mau. A origem de uma intolerância religiosa com os mais variados povos, que cultuam seus elementares. Aqui não foram diferente quantas histórias vemos nos ilês espalhados pelo Brasil, onde nossas sacerdotisas Yalorixas mulheres exemplos de lutas e resistências verdadeiras guardiãs da magia da natureza, harmonia da vida com o espírito, a Deusa, em nosso panteão africano, representada por varias deusas, nossas Yabas, nossas mães. Nossas sacerdotisas são verdadeiros ícones, e apresentam o melhor do anima elemento feminino, bem definido por Jung. O que fascina na mitologia é a universalidade. Seja ela de Afrodite, deusa dos oceanos que incumbe a Psique, ficar presa na rocha a espera de seu casamento com a morte, ou a mais variada mitologias que revelem a mulher como e suas ligações com elementares da natureza.
As mulheres por conta desse domínio patriarcal sempre foram subjugadas, o que na maioria das
vezes se organizavam escondidas, uma forma de protegerem seu poder para que não fosse dirigido pelo homem. Tudo o que há na natureza temos em nossos corpos. E a mulher através da anima tem esse poder nos seus corpos é portador de todos esses encantos, enquanto os homens têm de adquirir esse poder. As relações sociais oriundas do esquema escravagista fizeram com que criassem uma estrutura social e religiosa, onde as detentoras desse conhecimento ficaram nas mãos de quem são de direito as mulheres.
A caça as bruxas ocorrida na idade média, chegou aqui, assim como a escravidão a inquisição em tese foi abolida. Todos sabem ainda existem preconceito e intolerância, ambos as ações vindas de uma mesma matriz, européia, patriarcal branca e dualista, cuja cultura mítica é o Deus, que vive lá no céu e nós aqui na terra, e a natureza fica no meio desse jogo entre o sagrado e o profano, o bem e o mau, o puro e o pecado. Aceitar essa vigília se disponibilizar a olhar e sentir a anima começa a ser uma missão nada tênue sentiremos o solo firme da racionalidade, lógica e da razão abalar-se sobre nossos pés. A mulher reconhece mais o animus, elemento masculino, como muito mais facilidade que o homem, o anima isso tudo por terem a consciência da energia em seus corpos.
Mas o ato de observar se torna muito mais complexo quando nos voltamos para dentro, onde também necessitamos de claridade. Luz é intrinsecamente ligada à mulher. A observação e a luz se completam ao contrario não seria possível ver. Mas para observar-lhe o detalhe, temos que olhá-lo atentamente, com carinho, afeição e ternura. Como vemos perda das qualidades e da energia feminina na sociedade de hoje constitui um problema psicológico premente. Atinge dolorosamente a vida emocional de homens e mulheres. Se continuarmos a viver sob o cunho de uma cultura patriarcal, estaremos condenando a humanidade a seu mais profundo limbo. Existem vertentes religiosas e morais que tem como filosofia banir o pecado e o mau dentro de uma tradição moldada por e para os homens que garantem a sua soberania e poder. Esse embrutecimento da humanidade, com base nessa visão dualista e discriminatória causadora de guerras e genocídios em toda nossa história. E grande responsável do seu descontentamento, solidão, sensação de falta de sentido, mau humor e violência. Contra a Natureza, contra si, sobretudo contra a Mulher. Através da valorização da força bruta e da conquista de territórios, geram um grande desequilíbrio dentro e fora de nós.
A terra como uma entidade viva. E não há nada na terra que não exista dentro de nós, as energias  que circulam no olorum, coabitam em nosso corpo. Essa é a idéia da mitologia básica que foi completamente eliminada da Bíblia desde o livro de Genesis, onde vemos isto: ”Tu que é feito do pó e ao pó retornaras”. A terra não é pó. A terra é mãe. Sendo assim olhe, para as mulheres que conhece, mas antes busquem na lembrança, todas as menções de sabedoria e vinham de nossas avós, sim essas velhinhas, quase na maioria analfabetas, mas detentoras de sabedorias, que nos indicam caminhos até hoje, isso é sinal que a sabedoria da natureza atua nessas amadas mulheres.
Mas para observar uma mulher temos que nos livrar dessas amarras seculares, para isso indico uma imagem citada por Goethe: “No cimo das colinas reina a calma, no cimo das arvores, mal se tente um sopro. Os passarinhos silenciam nos bosques. Apenas espere e você silenciará”. Como dizem os Taoistas, no qual nos redemos a natureza e nos entregamos a ela. Ou nas culturas primitivas, nas quais as pessoas se apóiam na natureza. Perceber que a natureza é boa provoca uma transformação total da consciência. Nunca esqueçam o universo esta mais próximo do que se imagina, ele esta nas mulheres com as quais convivemos, nelas pulsam essa divindade. Fundamento do mistério supremo, fonte transcendente e energia do universo, que é também força misteriosa da vida, própria de cada um – e de todos.

Ao olhar para essas mulheres com seus olhos cheios de afeição, de amor, estabelecerá uma  relação imediata. Quando for capaz de olhar uma nuvem com olhos que estão vendo pela primeira vez há então uma relação profunda, o fator mitológico primordial é o que Jung chama deconiunctio oppositorum, a conjunção dos opostos. Fundindo-se num belo equilíbrio entre si, uma dança. O prazer de um casal dançando é o do par de opostos numa relação harmoniosa. Façamos nossa vigília sempre e diariamente, para resgatarmos em nossos corpos à volta a natureza, a natureza feminina que ocorre naturalmente dentro da mulher. Assim nossas mulheres não precisarão fazer vigílias contra a violência sofrida por nós homem, e sim se encontrarem para celebrar a existência da Deusa.

SÉRGIO CUMINO - POETA DE AYRÁ

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

ESTIAGEM DO ESPIRITO


ESTIAGEM DO ESPIRITO

Romeiro do campo
Chora em suas novenas
Lagrimas amofinadas
Como a de enterro
Molha a terra morta
Até germinar esperança
Porque água rebenta

Sanar sede do cultivo
Ponto médio do seu apelo
E também de outros medos
Que cada qual a seu asco
Afligi em qualquer quina
E a todos os pontos
Porque água é existência

Quando as crenças afinadas
Súplica por um mesmo
Do velho da horta
Ao cerimonial das danças
Acaricie lagos com tormenta
Seja qual for o mito
Pela água haja um selo

Dedos aqueçam terços
Vibrar é dar o passo
Há muito colheria
Júbilo do seu rancho
No caminhar das vivencias
Essa rede entrelaçada
Não fosse jogada a esmo

SERGIO CUMINO – POETA DE AYRÁ

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

CANTO POR TI


CANTO POR TI

Para ti minha prece
Que não se apresse
Pois que padece
Semente que floresce
Marcas que acontece
Sei que não esquece
É o estigma que favorece
Peço que desperte
Negativo se inverte
Tecelão que regresse
Fios da seda que tece
Erário oculto acesse
Linhas que acolchoa repete
Se acorrentado tivesse
E a águia viesse
Seu retrato cosesse
Nem tudo é o que parece
Até Prometeu reflete
Que o fogo lhe aquece
O que faz que o liberte
Pela fé que reverte
Com ela não há pudesse
Se acredita acontece
A vida a mão como leque
Cantilenas te persegue
Em ondas que reverbere
Quando encontro sucede
Não precisara interprete
O que era alma inerte
Vira uma luz que desperte
Quando suspeita acerte
Toda estima cresce
Se seu espirito apetece
Através da minha prece


SÉRGIO CUMINO – POETA DE AYRÁ

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

CA DENTRO REBENTO



CA DENTRO REBENTO

Quanto diz calado
Hora houve outro afago
0s rubores carmins
Pinguela que cruza ausências
Navegue no sinuoso rio
Segue em passos tensos
Guerreiro contra alma negativa
Cenóide grita nos sonhos
Tira-me a calma
Nas nuances do pavor
Seja onde for
Será meu duplo
Sombra do meu medo
E não fico conformado
Que reside dentro de mim

Sinaliza no paladar bastardo 
Aquele gosto amargo
Acautela que detona o estopim
Nos conformes reinventa
Provedor de todo cio
Condutor daquele beijo
Umedece o pistão da vida
A coragem de cada tombo
                       Relê a chaga de cada palma                          
Dando sentido a cada dor
E avarias do opor
Semente do seu culto
Ferida que coloca o dedo
Marcas do desejo alado
Estigma dentro de mim

E todo risco a cargo
Mendigo amarrotado
Esta maestria de Chaplin
Conquista e a carência
Sem um pio
Reverbera nos desejos
O eco de cada ida
Balanceia o que somos
Pelas facetas de cada drama
Aspectos e seu rumor
Não conseguir supor
Avesso ao saber do impulso
E vir o que não vejo
Vendo vendado
Enigma dentro de mim

SERGIOCUMINO – POETA DE AYRA 

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Òsanyìn o Soberano Solitário

Òsanyìn o Soberano Solitário

Kó si ewé, kó sí Òrìsà
“sem folhas não há Orixá”

O profundo mistério
ecoa seu  canto
com notas aladas
espirito da  aria
missa dos pássaros
entre a trança dos cipós
ritmado pelo rum
É o feitiço nagô
Sua sina eremita
Revela ao centro
Suga à relva
Entre todos é o todo
O sangue escuro
O ase é o norte
O sumo do rito
Verde e o ventre
Da alma da selva
O templo bento
É o segredo e reduto
Retiro do sacerdote
Saúda Ewé ó!  
Pulmão do olorum
Onde as Folhas entrelaçam
Misturam-se livres
Descubra a si
Liberto pelo amassí
Matas sagradas
Mesmo com a rebeldia
Dos sinuosos ventos
Da graça de Oyá
Embarca em seu fole
Desprende A criação
Espalha-se pelos mitos
Rebento de muitas fontes
Cerne de cerimoniais.
Acender da energia
De cada missão
sob a bênção oculta
do soberano solitário.
 
SÉRGIO CUMINO – POETA DE AYRÁ