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sábado, 19 de outubro de 2013

CURIMBA O ECO DA EXISTÊNCIA

 CURIMBA O ECO DA EXISTÊNCIA
 
A batida faz que sinta
o que a mão manifesta
Ungido pelo suor espalmado
a fricção da linha da vida
Canta pelo coro abençoado
Pede a benção, Agô e licença.
Aos velhos e orixás sagrados
Retumba a dimensão do templo
No reinado é coroa
Faz do rito nossa festa
Frisson ao pensamento
Vibra como agua do lago
Ondas bentas da canoa
Movimento ao Insuflado
Para os homens é clemencia
Dos erros que tira o ritmo,
 Rompe vínculo
Do seu calvário
O que a batida maestra
O tambor e seu tamboreiro
Dá remelexo a mente
Busca em outros tempos
Mitos e outros símbolos
Troveja como raio
E com o corpo presente
O calor do barravento
Já o medo que se sente
O batuque do batuqueiro
Abate-os Tambor
Vibra-os como a agua
Aguça clarividência
Na passagem do pescador
Dessa barca do espirito
Atabaque do tabaqueiro
De mãos consagradas
Caminha como vento
Como a terra se alimenta
É êxtase da viagem mística
Entra dentro d’alma
Desarma a resistência
Aquece o frio mármore
Que mora dentro de peito
Através dos seus gritos
Contagia alegria rítmica
Espalham-se pelo espaço
Busca até em Luanda
É o toque que canta
Forças para Orí aflorar
O pedido da pele com arvore
Seja Angola, Jeje ou ketu.
Ou no sagrado da umbanda
A curimba ecoa
O sonoro da existência
SÉRGIO CUMINO – POETA DE AYRÁ

 

2 comentários:

  1. É um privilegio que tenho de acompanhar um artista em sua totalidade. Lembro quando Sergio Cumino falou ao conhecer o Grupo da Curimba, "minha preta esses moços merecem um belo poema, vou me esforçar", ao ouvir aquilo fiquei impressionada que generosidade antes de virar palavra brota da alma. Quando terminou de escrever o poema e deu para ler e com um sorriso quase infantil disse: "vou mandar pra eles acho que vão gostar", contudo isso conclui, que ele não é apenas um poeta, vive poeticamente.

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