ESSE BLOG NÃO PERTENCE SÓ AO POETA, ELE É DE TODOS NÓS

sexta-feira, 28 de junho de 2013

AFAGO DE OXALÁ

AFAGO DE OXALÁ
Nem tente significar
Não indague
Deixa aflorar
O por vir
Não escreve
Libere o sentir
Deixe o nada falar
Não se apegue
Não faça ideias
Nade a deriva.
Nem crie expectar
Não ordene
Nem revele
O irrelevante
Muito menos proeminente
Se entregue
Dê folga ao pensar
Cantiga de ninar
acaricie sua criança
não crie persona
ou imagem e semelhança
Nem ancião, nem velho.
Filosofia vã
Afira discursos sérios
Coração abranda o etéreo
deixe-o abraçar
Exile-se do clã
para que não faça sentidos
Não dispa os modelos
é tempo perdido
apenas não exista
Liberte-se do tempo
Retire o selo
Perca-se de vista
Esvazie o bom senso
Nem espere alguma pista
Esqueça o estilo
Nem estabeleça crivo
Não experimente
Não prove, nem comprove.
Apenas seja
Faça do nada
soma de cada  um
O caos sem signo
Universo sem cantos
Deixe o espirito ausente
para sabedoria Fun-Fun
 
SÉRGIO CUMINO – POETA DE AYRÁ

segunda-feira, 24 de junho de 2013

AME SEUS DEMÔNIOS COMO A SI PRÓPRIO

AME SEUS DEMÔNIOS COMO A SI PRÓPRIO
Aqueles que vagueiam
Entre céu e a terra
Igualmente permeiam
Pela ação e reação
Também pudera                                     
Quem o acordará,
das mazelas da devoção?
Cônscios dos segredos
Dão-nos barraventos
Na vida e complexos
Expõe-nos ao medo
E aquilo que o criou
Revela nosso animo
na poesia da Anima
E no calor do sexo
solta os molejos
Salve centuriões
dos movimentos invisíveis
que a alma reservou.
Bussola das encruzilhadas
que apontas as jornadas
que o arbítrio determinou.
Há o encanto das rosas
Que brotam amores risíveis
Em alegria dos giros
Sobre o signo da roda
Vão além-insígnias de Guardiões
É porta voz de nossas prosas
Emissário dos pedidos
Nosso anjo protetor
Na ousadia é o gatilho
Não há temas sensíveis
É nosso intuitivo
Dualismo de emoções
Sempre a dois passos
Não importa a rota
Na estrada de duas vias
É o laçador e o laço
Ativista da pedra fadada
Que Rei da justiça delegou
Lá está presente
No dilema do que somos
Em essência ou castiço
Na cosmologia sagrada
É o desejo quente
Que no cerne esquentou
Fiel a toda prova
E a tudo que dispomos
Nas alturas ou precipício
Comunhão ou conflito
Se destino é carta marcada
nos ensina a ler
Não importa a jornada
Ele é o inicio
De nossas caminhas
E em tudo que percorrer
Sua estrela aflora
Ao grito convicto
Quando saúdo Laroyê.
SÉRGIO CUMINO – POETA DE AYRÁ

quarta-feira, 19 de junho de 2013

A LUZ NO FIM DO TRILHO

A LUZ NO FIM DO TRILHO
A luz no fim do trilho
Brilha forte vem a mim
Predestinado nos sonhos
Vem ao pedido do filho
Por sons de clarins
Caminho ao que somos
Envolve em minha estação
Chega à plataforma
De projetos e quereres
Axé de cada função
Estrada que transforma
Pautas de saberes
 
Seguir meu destino
No bolso o livro do Muniz
Ler Yorubás e Bantos
Clarão me embarque
Os desejos eu levo
Aos imprevistos do novo
Espadas de cada nação
Arte na bigorna
Terreiro e as redes
Está vazio cada vagão
Assim vício não entorna
Sacio vida a cada ciente

 E a maquina evolui
Negativo para traz
A vida universal
Que a alma intui
Sua força me faz
Além do bem e mal

Ogum me carregue
Ao signo do ferro
Adoçar do gosto
Mundo me entregue
Seus Ritos eternos
Aprendo convosco

Como chama dilui
Deixa-me capaz
Tornear  o metal
Ou pensamento vil
Que o feitiço desfaz
Com o tônus real

Sem bagagens me leve
  Espírito afago
Sem anteposto
Sua linha escreve
Rotas do fado
Poesia Motiva-Louco.

SÉRGIO CUMINO – POETA DE AYRÁ

quarta-feira, 12 de junho de 2013

XIRÊ DOS ENAMORADOS

XIRÊ DOS ENAMORADOS
Quero namorar sob o cântico
Sagrado dos orixás
Entre as brumas aromáticas
Dos encantos das yabás
Na magia da flor
Sejamos a textura da pétala
Em espirito e matéria
De cada acarinhar
Pelos traços meigos
Contornos da bela
 Levar os corpos a bailar
A energia etérea
de todo xirê
 Rosa branca a paz
Ternura funfun
Suavidade dos caracóis
Que o aconchego nos traz. 
Olhos a brilhar como a lua
Sobre as aguas de Iemanjá
Os ventos sensuais de Oyá
Coreografam os girassóis
Encantados de Oxum
Sob a cabana de Ewá
Nosso Orúm, nosso céu.
Olhar é a fala
Quando estamos a sós
E a beleza se revela
Sobre a palha
O amor nos forma um
Juntos se produz o mel
Pelos encantos de Omulú
E o colorido passa ser
Alquimia da paixão em ouro
 E toda dimensão de Oxumarê
Cada poro um vulcão
Acende a chama de Ayrá
 Aquece a pele a macia
Envolve o felino jeito
E o querer que existe em si
Um namoro escrito em Ifá
Que deixa cabeça vazia
Para saborear amor vivido
Nesse bem me quer
Há arte e louvor
Alegria de Ibejí
Que a flecha do cupido
Que nos penetra o peito
Lançada por Logun Ede
Coração sua mira
Nem me abalo
Que do orixá cuteleiro
A  espada de Ogum
Representa meu phalo
Amor estrela guia
Que adentre as matas
E toda excitação de Exú
Com espirito faceiro
E a sedução da pomba gira.
 
SÉRGIO CUMINO – POETA DE AYRÁ

PRECES das HERESIAS

PRECES das HERESIAS

Quando há abalo, precisam de consolo
Alicerces se agitam buscam a prece
A harmonia vacila, o olhar para.
Pulsando o peito, cadencia o novo
 
 
 Na hora da missa das seis,
Acolhido na catedral intima
Encontra a tomada de ar.
Boca amarga na missa das nove
 
 
Há de serem fadiga e cansaço
Energia que o dia remove
A prece do corpo ensaboado
Confere a água à alma lavar
 
 
Suspiro leve corpo floresce
O habito é a lingerie de rendas
Colo desnudo o desejo se mostra
A prece do amalgama encantado
 
 
Despem as rendas do desejo
Junto com a moral sem efeito
Mas na minha prece safada
Bocas e joelhos se encontram
 
 
E o amor constrói nossa trindade
Ladainhas viram sussurros
Sopro Divino comunga suspiro,
A face pousa no colo fraterno


Substitui a vida crucificada
Busco o encontro con-templo
torna-se basílica a fêmea
mãe terra pulsa no peito

E os sinos apontam a missa do galo
quando galinhas, flores e essências
evocam na encruzilhada
Moças, lebaras e a força do plexo

Bruxas, anjos e quereres
Que a invadem os sonhos
Além do bem e do mal, é magia
Sem tabu que cerceia amantes.
 
 
Fêmea, pura, felina, puta e poesia.
Macho, crente, safado e poeta
É a missa da dama da noite
Tudo contrasta, e se completa...

Na hora da celebração...
Renova! Recicla! Deseja!
Onde o cálice sagrado
Subverte a vida discreta

Abre-se portal do coração
Libertando de toda peleja
Única luz são corpos colados
Por sermos ritualistas ascetas

SÉRGIO CUMINO - POETA DE AYRÁ

terça-feira, 11 de junho de 2013

OLÒWÒ & YAWO NA POESIA DE ITAN

OLÒWÒ & YAWO NA POESIA DE ITAN
(homenagem a Alfredo Lago - Okubenjela Pangi)
Encantado poeta alado
Que vem das alturas
Com os ventos de Oyá
Com poética de oxum
Que reina em seu lago
Chega a mim em ondas
De plena sabedoria
De toda sina
Que a vida o fez passar
Sobre o pombo de Oxalá
Chega-me como afago
Os versos nas escrituras
Que digina é obra prima
Onde fazemos do sarava
Ternura do Mo tumbá
E mesmo de norte a sul
Poesia germinando do Orí
Bradamos Axé Odoyá
Criando como ato de fé
Nessa caminha pelo aye
Saldamos com muitos mukuiu
Ligados ao orixá
Com o mesmo branco
Pureza funfun
Ser ou não ser
Digo-lhe kolofé
Axé a todo saldar
Faz espirito inspirar
E olhos para ver
E que a poesia seja rum
Que nos liga a orumila
Retorna como trovão de Ayrá
Que nos faça Olorum
E oráculos de Ifá
Seja a flecha de Odé
Que direcione ao centro
Para se encontrar
Agora meu Baba
Perante seu saber
Serei eterno Yawo
Aos pés de Olòwò
Embargado de emoção
De diante de ti me declinar
Fortalece o poeta
O sinto espada de ogum
Abrindo caminhos
Não importa o Ilê
Ou que agua beber
Deixe a poesia hidratar
Desbrave o crer
No coração de cada um
SÉRGIO CUMINO - POETA DE AYRÁ